Marchas Populares

A MARCHA DO LUMIAR É LINDA!
A Academia Musical 1º de Junho de 1893, também conhecida por Academia do Lumiar, foi fundada no final do Século XIX e fica situada na Freguesia do Lumiar; nessa altura, era um local algo longínquo do centro urbano da cidade de Lisboa, tratava-se de uma zona de quintas, com uma densidade populacional que não se compara com a dos nossos dias. Dadas as dificuldades de transporte da época, a Academia era o ponto de encontro e de diversão das famílias da freguesia.
Marchas Populares
A MARCHA DO LUMIAR AO LONGO DOS ANOS
2020 foi um ano atípico, foi um ano estranho, em que a alegria dos Santos populares não pôde descer a avenida da Liberdade a cantar e bailar, nem comer sardinhas e andar pela cidade de Lisboa. 2021 seguiu o mesmo caminho, mas temos esperança que 2022 seja o ano do retorno, o ano em que festejaremos em triplicado.

Desde a antiguidade que o azulejo constitui, para além do seu papel funcional, um elemento ímpar de expressão artística. Herança da cultura árabe (az-zulaich), o azulejo, especialmente a partir do Sec. XVI, desempenha um papel de relevo na arquitectura portuguesa, com particular incidência na nossa cidade de Lisboa. Inicialmente prevalecente na arquitectura religiosa, bem como nas Quintas e Palacetes, paulatinamente foi marcando presença nos mais diversos espaços, sejam eles públicos ou privados, e desde os mais sumptuosos aos mais modestos.

O Lumiar, território no qual, desde tempos remotos, conviveram a nobreza, nas suas quintas e palácios de veraneio, o clero, nas diversas igrejas, conventos e ermitas ali instalados, e o povo, que nas suas habitações, por modestas que fossem, não dispensava um painel representando uma divindade que oferecesse protecção àquele lar. Assim, o Lumiar é titular de um riquíssimo património azulejar, que apesar das inúmeras vicissitudes urbanísticas foi sendo possível conservar e registar.

Evidencia-se, nesta matéria, a concepção estética da Quinta dos azulejos, no Paço do Lumiar e, no domínio religioso, as igrejas de S. João Baptista, de Nª Srª do Carmo e a Ermida de S. Sebastião. Mais recentemente, o Mercado Municipal e as 4 estações de metropolitano existentes no Lumiar representam um excelente exemplo da medida em que azulejo continua a marcar a arquitectura contemporânea, e assim a vivência daqueles que interagem com o território.

A Marcha do Lumiar 2018 retractou esse elemento marcante da arquitectura, numa fantasia alegre, dinâmica e plena de cor, para dar a conhecer aquilo que de melhor esta zona da Cidade tem para oferecer: o seu património, a sua gente e a sua alegria de viver. E tudo isto integrado num mosaico extraordinário que é a cidade de Lisboa.

Azulejos do Lumiar,

numa parede ou num banco,

são mosaicos de saudade,

vestida de azul e branco.

O tema da Marcha do Lumiar 2015 estava relacionado com a comemoração do Ano Internacional da Luz.

Tomando o Sol, a Lua e as estrelas como as fontes de luz que desde sempre iluminaram e inspiraram a humanidade, o Lumiar desenvolveu uma fantasia em que estes corpos celestes tinham grande destaque em evocação à luz do sol, que tudo cria, ao luar que ilumina na noite escura e às estrelas que nos alumiam e nos guiam desde tempos imemoriais.

Os arcos colocam em destaque a relação muito próxima entre o Sol e a Lua, e, no entanto, tão distante, uma vez que um ilumina o dia e outro a noite, e a luz que deles nos chega que, afinal, até acaba por ser a mesma.

As letras das marchas e a própria música pretendem transmitir a força e o brilho do Astro Rei, que enche de calor os nossos corações, bem como a inspiração que o luar constitui tantos poetas e para os enamorados que à sua luz trocam provas de amor.

O Lumiar fez alusão à cidade de Lisboa, que é tida como a Cidade da Luz, quer pela claridade que o Rio Tejo lhe transmite, quer pela brancura característica do seu casario tradicional, referindo igualmente a luminosidade característica do Lumiar, território amplo, pleno de espaços verdes onde a luz é rainha.

Desde tempos ancestrais, e documentadamente desde a sua proclamação como Freguesia em 1266, o Lumiar viveu tradições de festividade que envolviam feiras e romarias que, naturalmente, culminavam em festas onde a população, independentemente das classes sociais a que cada um pertencesse, dava largas à sua alegria. Com a aproximação do Verão, eram particularmente abundantes os arraiais, cuja origem remota aos rituais pagãos de comemoração do solstício de Verão. Estas festas terão sido incorporadas na tradição cristã através da celebração dos Santos Populares. Essas comemorações atingem o auge no Lumiar aquando da celebração de S. António, Santo Casamenteiro e seguramente o filho da Cidade de Lisboa mais conhecido no mundo, e S. João, o Padroeiro da Freguesia. Assim, a Marcha Popular do Lumiar 2010 recriou, numa fantasia muito alegre e colorida, o espírito das noites quentes de Junho em que o povo do Lumiar cantava, dançava e saltava a fogueira por entre o cheiro da sardinha assada e do manjerico. No decurso desta alegoria festiva, não faltou referência aos 100 anos da implantação da República. Esta efeméride, tão ligada à cidade de Lisboa e de tão grande significado para o País, foi particularmente simbolizada nas cores vermelho, verde e ouro, predominantes na cenografia e guarda-roupa da marcha, acompanhados do preto e branco da nossa linda cidade. Assim se apresentou o Lumiar no Atlântico e na Avenida, seguramente para trazer alegria a todos aqueles que enriquecem este grandioso espectáculo da cultura popular da cidade com a sua presença.

A Marcha do Lumiar 2009 retratou a história que é conhecida por “Lenda do Lumiar”.
D. Dinis deslocava-se frequentemente a Odivelas, pela calada da noite, para visitar damas que tinha como amantes. A Rainha Santa Isabel, sempre atenta, embora silenciosa, pensou numa forma subtil de mostrar a seu Real Esposo que dava conta das suas ausências e sabia qual a razão das suas escapadas nocturnas. Pediu então a colaboração de algumas Damas da Corte para a acompanharem até aos campos mais a norte, dizendo: “ Vamos alumiar”. Mandou preparar archotes e foi colocar-se no ponto onde o rei iria de passar. Então, à sua passagem dirigiu-se-lhe nestes termos:
-“Ide vê-las. Nós alumiamos o Vosso caminho”.
Diz-se, portanto, que o Lumiar e Odivelas devem a sua toponímica a esta Lenda. Visto à luz da época, trata-se de uma prova de grande carácter e coragem daquela que terá sido por ventura, a maior das Rainhas.
A Marcha do Lumiar recriou esta Lenda de uma forma alegre e colorida. Não faltou a Rainha e as suas Damas que com archotes lampejantes alumiaram o Rei e os seus escudeiros no seu caminho para ir vê-las.

E de Archote na mão, a Rainha comentou:
“Ide vê-las, meu Senhor, ide vê-las”.
Luz no caminho, de fogo ardente e paixão quente.
“Alumiar, alumiar”. Assim nasceu o meu Lumiar.

A Marcha do Lumiar 2008 pretendia recriar o ambiente das noites quentes de Junho, em que o povo se reunia nos casarios do Lumiar, dançava, cantava e saltava a fogueira, festejando os Santos Populares por entre o cheiro da sardinha assada. Estas festas populares têm origem nos antigos rituais pagãos de comemoração do solstício de Verão que o cristianismo abençoou através de dois dos seus mais distintos filhos, S. António e S. João Baptista, padroeiro da Freguesia do Lumiar. Era tradição a queima da alcachofra colhida nos verdes campos das Quintas do Lumiar. Através deste ritual os enamorados procuravam saber se o seu amor era correspondido. A Alcachofra devia ser queimada na noite de S. João Baptista enquanto se pensava na pessoa amada e plantada na terra. Na manhã seguinte se estivesse florida é porque esse amor seria correspondido. “ Alcachofra florida Florida te apanhei Se o meu amor me quiser bem Amanhã de manhã florida te acharei.” Vistosos arcos onde pontificava o inevitável manjerico foram transportados por radiantes marchantes em cujos trajes predominará a cor branca de Lisboa e o roxo das alcachofras. Esta alegre recriação reavivou memórias e mostrou aos mais novos a forma como no Lumiar e um pouco por toda a cidade de Lisboa se viviam as festas.
Em 1932 nasceram as Marchas Populares de Lisboa. E também em 1932, a Tóbis Portuguesa se instalou na Quinta das Conchas e produziu ”A Canção de Lisboa”, comédia de Conttinelli Telmo interpretada, entre outros, por Vasco Santana, António Silva, Beatriz Costa e Manoel de Oliveira, filme que viria a estrear em 1933. Seguiram-se uma série de filmes emblemáticos dos quais nos permitimos destacar “As Pupilas do Sr. Reitor” (1935), “O Costa do Castelo” (1943), ”A Menina da Rádio” (1944), ”O Leão da Estrela” (1947), “O Grande Elias” (1950), “O Crime da Aldeia Velha“ (1964), “Brandos Costumes” (1974) e ”Crónica dos Bons Malandros” (1984). A Marcha do Lumiar 2007 pretendeu celebrar os 75 anos das Marchas Populares de Lisboa a par dos 75 anos de cinema no Lumiar. Procurou transmitir uma breve imagem do que eram as Marchas em 1932 e a sua transformação 75 anos volvidos. Numa alegre fantasia retratou também a vivência no Lumiar originada por actores, realizadores, figurantes e demais pessoas ligadas à produção dos grandes sucessos do cinema português. Lado a lado, Marchas e Cinema, como tão brilhantemente retratado em “O Páteo das Cantigas”, foi o que o Lumiar trouxe em 2007 ao público das Marchas populares de Lisboa para recordar tantos e tão bons momentos da 7ª Arte.
Até ao final dos anos 50 do Sec. XX, foi vivência característica da zona norte da cidade a que protagonizaram as lavadeiras e carroceiros que prestavam aos habitantes da cidade e à nobreza que habitava os palácios dos arrabaldes, o serviço de lavagem de roupa. As casas da cidade não tinham condições para fazer a barrela (mistura de bocados de sabão e água, por vezes fervida, onde se mergulha a roupa, usada para tirar as nódoas mais difíceis), nem tão pouco para pôr a roupa a corar (estender a roupa escorrida mas ensaboada, devendo ser mantida húmida para desta forma branquear ao sol). Assim, semanalmente a roupa era recolhida na casa das freguesas e transportada por carroças, em trouxas para que nos inúmeros tanques e ribeiras existentes na zona do Lumiar. As Lavadeiras entregavam-se ao ritual da lavagem, acompanhando a sua tarefa com canções de amor ou modinhas, uma vez que, dizia-se, “roupa que não é cantada não é lavada”. Tudo isto por entre um cenário de arvoredos e moinhos que ofereciam a tão agradável sombra nas tardes quentes de verão para descanso enquanto a roupa corava. Este é um quadro nitidamente presente no filme “Aldeia da Roupa Branca” em que inclusivamente algumas das cenas filmadas em exterior são colhidas no Lumiar. Foi este ambiente que de uma forma muito alegre a Marcha do Lumiar pretendeu retratar com as suas bem dispostas lavadeiras e cortejantes carroceiros.
Até ao final dos anos 50 do Sec. XX, foi vivência característica da zona norte da cidade a que protagonizaram as lavadeiras e carroceiros que prestavam aos habitantes da cidade e à nobreza que habitava os palácios dos arrabaldes, o serviço de lavagem de roupa. As casas da cidade não tinham condições para fazer a barrela (mistura de bocados de sabão e água, por vezes fervida, onde se mergulha a roupa, usada para tirar as nódoas mais difíceis), nem tão pouco para pôr a roupa a corar (estender a roupa escorrida mas ensaboada, devendo ser mantida húmida para desta forma branquear ao sol). Assim, semanalmente a roupa era recolhida na casa das freguesas e transportada por carroças, em trouxas para que nos inúmeros tanques e ribeiras existentes na zona do Lumiar. As Lavadeiras entregavam-se ao ritual da lavagem, acompanhando a sua tarefa com canções de amor ou modinhas, uma vez que, dizia-se, “roupa que não é cantada não é lavada”. Tudo isto por entre um cenário de arvoredos e moinhos que ofereciam a tão agradável sombra nas tardes quentes de verão para descanso enquanto a roupa corava. Este é um quadro nitidamente presente no filme “Aldeia da Roupa Branca” em que inclusivamente algumas das cenas filmadas em exterior são colhidas no Lumiar. Foi este ambiente que de uma forma muito alegre a Marcha do Lumiar pretendeu retratar com as suas bem dispostas lavadeiras e cortejantes carroceiros.
No ano em que Portugal e principalmente a Cidade de Lisboa, estiveram em grande Festa, por causa do Campeonato Europeu de Futebol, a Marcha do Lumiar trouxe na sua apresentação o tema FESTA É NO LUMIAR! Desde os seus primórdios que o Bairro e mais tarde a Freguesia do Lumiar, devido às suas muitas casas apalaçadas ou palacianas, era zona de muita festa e animação. Nas suas grandes quintas, conforme descrevem as letras da Marcha, havia símbolos relativos a grandes festas, como, por exemplo, a sala musical do Paço do Lumiar. É necessário não esquecer que as grandes festas fora de portas, que tanto se retrataram em alguns filmes portugueses, eram feitos relativamente às festas e romarias do Lumiar e seus arredores. Como neste ano toda a Cidade se encontrava em festa por diversos motivos, que não só o Euro, esta Marcha procurou aqui homenagear as suas festas, assim como a música, os bailarinos e todos os festeiros em geral. FESTA É NO LUMIAR foi uma fantasia em vários tons de rosa verde, dando um grande colorido a esta nossa marcha tanto nos figurinos como nos arcos. Mas nos Arcos acentuavam-se as pautas, as notas musicais e os instrumentos. Com músicas bem mexidinhas, e letras contando o que de melhor havia neste bairro, estavam a postos os ingredientes para que as Coreografias fossem bem picadinhas e até com algumas inovações coreográficas. FESTA É NO LUMIAR, foi uma grande aposta da Academia Musical 1º Junho de 1893, da Junta de Freguesia do Lumiar e de toda uma população que embora não tivesse tradição nas Marchas de Lisboa, tinha a tradição muito antiga, de organizar as grandes Festas e Romarias deste Bairro e de fora de portas da nossa cidade de LISBOA.
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