Marchas Populares
A MARCHA DO LUMIAR É LINDA!

A MARCHA DO LUMIAR AO LONGO DOS ANOS
Desde a antiguidade que o azulejo constitui, para além do seu papel funcional, um elemento ímpar de expressão artística. Herança da cultura árabe (az-zulaich), o azulejo, especialmente a partir do Sec. XVI, desempenha um papel de relevo na arquitectura portuguesa, com particular incidência na nossa cidade de Lisboa. Inicialmente prevalecente na arquitectura religiosa, bem como nas Quintas e Palacetes, paulatinamente foi marcando presença nos mais diversos espaços, sejam eles públicos ou privados, e desde os mais sumptuosos aos mais modestos.
O Lumiar, território no qual, desde tempos remotos, conviveram a nobreza, nas suas quintas e palácios de veraneio, o clero, nas diversas igrejas, conventos e ermitas ali instalados, e o povo, que nas suas habitações, por modestas que fossem, não dispensava um painel representando uma divindade que oferecesse protecção àquele lar. Assim, o Lumiar é titular de um riquíssimo património azulejar, que apesar das inúmeras vicissitudes urbanísticas foi sendo possível conservar e registar.
Evidencia-se, nesta matéria, a concepção estética da Quinta dos azulejos, no Paço do Lumiar e, no domínio religioso, as igrejas de S. João Baptista, de Nª Srª do Carmo e a Ermida de S. Sebastião. Mais recentemente, o Mercado Municipal e as 4 estações de metropolitano existentes no Lumiar representam um excelente exemplo da medida em que azulejo continua a marcar a arquitectura contemporânea, e assim a vivência daqueles que interagem com o território.
A Marcha do Lumiar 2018 retractou esse elemento marcante da arquitectura, numa fantasia alegre, dinâmica e plena de cor, para dar a conhecer aquilo que de melhor esta zona da Cidade tem para oferecer: o seu património, a sua gente e a sua alegria de viver. E tudo isto integrado num mosaico extraordinário que é a cidade de Lisboa.
Azulejos do Lumiar,
numa parede ou num banco,
são mosaicos de saudade,
vestida de azul e branco.
O tema da Marcha do Lumiar 2015 estava relacionado com a comemoração do Ano Internacional da Luz.
Tomando o Sol, a Lua e as estrelas como as fontes de luz que desde sempre iluminaram e inspiraram a humanidade, o Lumiar desenvolveu uma fantasia em que estes corpos celestes tinham grande destaque em evocação à luz do sol, que tudo cria, ao luar que ilumina na noite escura e às estrelas que nos alumiam e nos guiam desde tempos imemoriais.
Os arcos colocam em destaque a relação muito próxima entre o Sol e a Lua, e, no entanto, tão distante, uma vez que um ilumina o dia e outro a noite, e a luz que deles nos chega que, afinal, até acaba por ser a mesma.
As letras das marchas e a própria música pretendem transmitir a força e o brilho do Astro Rei, que enche de calor os nossos corações, bem como a inspiração que o luar constitui tantos poetas e para os enamorados que à sua luz trocam provas de amor.
O Lumiar fez alusão à cidade de Lisboa, que é tida como a Cidade da Luz, quer pela claridade que o Rio Tejo lhe transmite, quer pela brancura característica do seu casario tradicional, referindo igualmente a luminosidade característica do Lumiar, território amplo, pleno de espaços verdes onde a luz é rainha.
A Marcha do Lumiar 2009 retratou a história que é conhecida por “Lenda do Lumiar”.
D. Dinis deslocava-se frequentemente a Odivelas, pela calada da noite, para visitar damas que tinha como amantes. A Rainha Santa Isabel, sempre atenta, embora silenciosa, pensou numa forma subtil de mostrar a seu Real Esposo que dava conta das suas ausências e sabia qual a razão das suas escapadas nocturnas. Pediu então a colaboração de algumas Damas da Corte para a acompanharem até aos campos mais a norte, dizendo: “ Vamos alumiar”. Mandou preparar archotes e foi colocar-se no ponto onde o rei iria de passar. Então, à sua passagem dirigiu-se-lhe nestes termos:
-“Ide vê-las. Nós alumiamos o Vosso caminho”.
Diz-se, portanto, que o Lumiar e Odivelas devem a sua toponímica a esta Lenda. Visto à luz da época, trata-se de uma prova de grande carácter e coragem daquela que terá sido por ventura, a maior das Rainhas.
A Marcha do Lumiar recriou esta Lenda de uma forma alegre e colorida. Não faltou a Rainha e as suas Damas que com archotes lampejantes alumiaram o Rei e os seus escudeiros no seu caminho para ir vê-las.
E de Archote na mão, a Rainha comentou:
“Ide vê-las, meu Senhor, ide vê-las”.
Luz no caminho, de fogo ardente e paixão quente.
“Alumiar, alumiar”. Assim nasceu o meu Lumiar.